Declaração
de abusividade de greve de vigilantes não autoriza demissão em massa
Declaração de abusividade
de greve de vigilantes não autoriza demissão em massa
A
Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do
Trabalho rejeitou pretensão do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do
Estado de Pernambuco (Sindesp) de demitir vigilantes que participaram de greve
julgada abusiva. “Não há amparo na lei para a determinação de dispensa dos
empregados que aderiram à greve”, afirmou a relatora do processo no TST,
ministra Kátia Magalhães Arruda.
A
greve, ocorrida em abril de 2016, foi liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores
Vigilantes Empregados de Empresas de Transporte de Valores e Escolta Armada do
Estado de Pernambuco (Sindforte), que não tem registro sindical, motivada pela
insatisfação dos trabalhadores com o ajuste coletivo firmado entre o Sindesp e
o Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesvi-PE), que representa a
categoria. O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (PE) extinguiu o
dissídio ajuizado pelo Sindesp contra o Sindforte, por considerar o sindicato
ilegítimo para representar os vigilantes.
No
recurso ao TST, o sindicato patronal insistiu na declaração de abusividade da
greve, alegando a falta de comprovação de regular convocação e deliberação em
assembleia para a deflagração do movimento. Requereu também autorização do
Poder Judiciário para que as empresas pudessem dispensar os empregados que
descumpriram decisões judiciais, com a imediata contratação de novos
trabalhadores.
SDC
A
SDC, seguindo entendimento que prevalece no TST, julgou a greve abusiva, pelo
não atendimento dos requisitos formais contidos na Lei de Greve (Lei 7.783/89)
e por ter sido liderada por entidade sindical que não possui a
representatividade da categoria para fazer negociação coletiva. Mas o colegiado negou provimento ao recurso
quanto à autorização para demissão em massa.
Segundo
a ministra Kátia Arruda, os artigos 7º, parágrafo único, e 9º da Lei de Greve
apenas autorizam a contratação de trabalhadores, substitutos aos grevistas,
durante o período de greve. “A ideia é assegurar os serviços cuja paralisação
resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens,
máquinas e equipamentos, e a manutenção daqueles essenciais à retomada das
atividades da empresa quando da cessação do movimento", assinalou. O mesmo
artigo 7º, combinado com o artigo 14, também permite a contratação de
substitutos, mas apenas no caso de a paralisação ser mantida após acordo,
convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
“A
simples declaração de abusividade da greve, por si só, não viabiliza a
autorização de novas contratações de trabalhadores, já que, pelos dispositivos
de lei citados, a justificativa para esse procedimento é a iminência de
prejuízos irreparáveis, quer para a empresa, quer para a comunidade em geral”,
frisou. “Não cabe a dispensa de empregados em razão do simples exercício do
direito de greve, constitucionalmente assegurado”.
A
ministra ressaltou ainda que, por se tratar de greve em atividade não
essencial, a dispensa de empregados e contratação de novos trabalhadores
constitui grave violação da liberdade sindical, e o Comitê de Liberdade
Sindical do Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) tem jurisprudência firme nesse sentido, fixada nos enunciados 570 e 593.
A
decisão foi unânime nesse tema. Após a publicação do acórdão, o Sindforte opôs
embargos declaratórios no tema relativo a sua legitimidade, que estão sendo
examinados pela relatora.
Fonte:
TST - Tribunal Superior do Trabalho
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